domingo, 18 de julho de 2010

Alongamento. Essencial ou crença da população?



Este é um assunto extremamente polêmico dentro do meio científico. Fazer ou não alongamento? Faz bem ou não possui efeito algum? Qual a sua real utilidade? Durante todo o meu período acadêmico, presenciei inúmeros debates a respeito deste assunto. Em uma aula um professor falava uma coisa. Na aula seguinte, outro professor falava outra, criando um choque de informações e um desentendimento grande por parte dos alunos. Sem contar palestras e trabalhos que foram solicitados para que cada um pudesse "provar" a sua teoria. O alongamento é utilizado há muito tempo dentro do meio esportivo. Tanto os atletas, que visam o rendiment, o quanto para os mortais praticantes de exercícios físicos. Ele também é muito explorado em discursos, dizendo que previne lesões e deve ser realizado em qualquer situação. É o que nós vemos na mídia por exemplo. Explorando a bibliografia existente, e ouvindo os "entendidos" do assunto, pode-se criar uma opinião pessoal, concordando ou não com a realização do alongamento. Ainda não irei expressar a minha opinião, mas apresentarei alguns fatos para que cada um crie a sua.
Dentro os que indicam e defendem o alongamento, existe a argumentação que o mesmo prepara nosso organismo para o exercício, ou seja, juntamente com o aquecimento, atuaria como modificador da situação de repouso, da homeostase, deixando nosso organismo mais apto ao stress provocado pelo exercício. Alguns autores defendem que nossos músculos possuem características elásticas que seriam e deveriam ser trabalhadas durante o ato de alongar, e que isto ajudaria na prevenção de algumas lesões musculares, como a famosa "distensão", termo muito usado em lesões musculares de jogadores de futebol. Não existe uma explicação tão específica de como isto ocorre, pelo menos não foi me dada tal explicação, e as bibliografias que falam do assunto também não concedem maiores detalhes, detalhes fisiológicos obviamente.
Dentre aqueles que acreditam que o alongamento não é algo benéfico, o número de argumentos é maior para defender tal opinião. O primeiro argumento é que o músculos não possui uma propriedade elástica maior à aquela promovida pelos movimentos de extensão e flexão, e o alongamento tem como característica uma hiperextensão. Isso quer dizer que o alongamento estaria "além dos limites" suportados pelas fibras musculares, e que isso poderia levar à um rompimento desta fibra. Exisindo o rompimento da fibra, o espaço seria preenchido por tecido conjuntivo, acabando portanto com as possibilidades contrateis de tal fibra, diminuindo portanto a força muscular. Um exemplo para explicar a inexistência da hiperextensão muscular, é que se ao pegarmos um pedaço de músculo qualquer (um bife de carne bovina por exemplo) e o puxarmos, ele não terá uma propriedade elástica, e sim acontecerá um rompimento de suas fibras (esse exemplo me foi dado na universidade!!!) Os defensores do alongamento dizem que isso ocorre pois o bife não é uma situação igual a dos nossos músculos, pois não esta vivo. Faz sentido, mas seria real? Só puxando o músculo de alguém vivo para saber, ou seja, fica difícil pensar nesta situação. Outro argumento muito utilizado, é que o alongamento não irá promover nenhuma adaptação para o movimento em si, pois defende-se a idéia que a própria execução do movimento, o treino, irá disponibilizar a amplitude articular para tal, não sendo preciso alongar para melhorar a amplitude de movimento necessária para determinado esporte. Um outro argumento, é que o alongamento trabalha muito mais as articulações do que os músculos, pois basicamente os movimento de alongamento utilizam, em usa maioria, grandes amplitudes articulares, e que nem sempre a ação deste movimento terá como ênfase certo grupo muscular.
São muitas informações e argumentos, quem pesquisar irá encontrar outras dezenas de informações, sendo a maioria a favor do alongamento. Entretanto, muitas destas informações não me convencem. Até mesmo o conceituado Profº Dr. Abdallah Achour Jr., referência brasileira na área de alongamento e flexibilidade, não me convenceu totalmente. Muitas coisas são ditas, mas explicações fisiológicas incontestáveis não são apresentadas. Entretanto a prática, não a minha, mas de profissionais conceituados, nos demonstra casos interessantes a cerca do alongamento, muitos deles nem sabem explicar o porque, mas o alongamento lhes trouxeram resultados interessantes. É difícil criar uma opinião única, imutável, mas é possível criar linhas de pensamento. Eu penso da seguinte forma: o alongamento não é o salvador da humanidade, não previne lesão, não é extremamente fundamental dentro de um programa de exercícios físicos. Mas pode ser utilizado de formas interessantes. Não prescrevo alongamento para meus alunos. Não exijo, ou aconselho, que eles os realizem antes da atividade física. Faz quem quer, até porque existe uma influencia psicológica também. Não acho necessário realizar um alongamento numa posição que dificilmente usamos durante nosso dia, porque se analisarmos os alongamentos mais conhecidos, poucas vezes repetiremos tal situação, ou postura, durante o treino, e muito menos nas nossas AVD’s (atividades da vida diária). Acho mais interessante, explorar a amplitude das articulações durante a execução dos exercícios, ou seja, ir até o limite, veja bem, o limite da articulação que está executando o movimento, desde que isso seja seguro e vantajoso. Entretanto, existem casos específicos onde o alongamento pode ser interessante. Apesar de não prescrever alongamentos no treinamento, dou aulas especificas de alongamento, semanalmente. Contraditório? Não. Nem um pouco. As aulas de alongamento têm como intuito o relaxamento, de preferência pos-exercício, o que eu acho interessantíssimo. Principalmente num relaxamento da coluna vertebral, tão requisitada durante nosso dia. Outra situação que enfrento onde o alongamento é fundamental, é nas artes marciais (poderia ser na ginástica artística/rítmica também). Esta é uma atividade que exige grandes amplitudes de movimentos, e o alongamento é o que promove isso, fazendo uma “soltura” articular, seguido do relaxamento do grupo músculo/tendão, o que aumenta a amplitude de movimento das articulações. Ai sim é preciso, mas continua sem prevenir lesões, pelo contrario, o limiar de lesão fica muito próximo.
Resumindo tudo, o alongamento é explorado como fundamental para o ser humano. Mentira! Não é não. Podemos ter melhores efeitos com outras atividades, tendo menos riscos de lesão. Porém podemos usá-lo, depende de como isso irá ocorrer. Se questionado sobre os benefícios do alongamento para a atividade física, a principio diria que “tanto faz, tanto fez”, entretanto, mas não é a resposta que esta certa, mas a pergunta q foi feita de forma errada. Para poder argumentar sobre os benefícios, é preciso exemplificar uma situação. Pediria para perguntar novamente. E se novamente questionado sobre os benefícios de alongamentos para o praticante de atividade física, responderia: “Depende.”. Mas depende do que? “Da intenção de se fazer este alongamento, do porque da realização dele.” Sempre será o motivo, a intenção que definirá sua necessidade ou não. Depende!

domingo, 11 de julho de 2010

Todos podem atingir seus objetivos?






Emagrecimento, hipertrofia muscular, mudança geral da aparência, melhorias na saúde, melhora da auto-imagem e aceitação social, mas afinal de contas, porque muitas pessoas não atingem seus resultados em seus treinamentos? Porque será que muitos iniciam um programa de atividade física idealizando sonhos, objetivos, metas e não os conquistam? Acredito que a resposta não seja muito complicada. Queremos vitorias sem esforço.
Não estamos preparados para aceitar que estas conquistas exigem dedicação, comprometimento e abdicação de comportamentos que irão comprometer o treinamento. Esperamos que estas vitórias sejam alcançadas facilmente, se possível por osmose. Mas sabemos que não é assim. Nunca foi e tomara que nunca seja. Tudo aquilo que é conquistado com suor, com trabalho, com dedicação é mais saboroso. Mas muitos ainda não entendem isso. Acreditam que simples minutos diários de treinamento, ou melhor, de exercício físico, podem compensar todas as horas de vida desregrada do restante de seu dia. De que adianta realizar a atividade física, e na seqüência fazer a ingestão de alimentos em excesso, ou então não ter o devido descaso pós-treino. Não adianta nada. Exercício físico não faz milagres, ninguém faz milagres.
Todos os dias escuto frases como “quero emagrecer, tonificar as perna, perder a barriga, aumentar o bumbum” ou então “quero ficar fortão, peito grande, bíceps grande, costas grande, tudo grande”. Infelizmente escuto essas coisas. Poucas pessoas estão preparadas para atingir conquistar isso, afinal de contas, não querem se dedicar, além de acreditar que o exercício físico é a salvação da humanidade. Sem contar que grande parte das pessoas que dizem estas coisas faz da academia um ambiente social e não de treinamento. Elas não vão para treinar, e sim para alimentar um sonho que provavelmente não irão atingir. Querem resultados rápidos, quase instantâneos, e muitas vezes desistem ainda no inicio do processo. Gostaria de ouvir coisas do tipo “quero ficar saudável, melhorar minha qualidade de vida, adquirir hábitos saudáveis”. O prazer em atender este tipo de aluno seria muito maior, até porque, como o exercício físico promove alterações quase que imediatas nesse sentido, a satisfação deste tipo de aluno seria muito maior.
Mas como o importante é apenas o visual, a casca, muitos nem se importam com o lado saudável do exercício físico. Só querem saber da construção de um corpo baseado no padrão estético atual. Isso é ruim? É lógico que não, isto é ótimo, mas não pode ser apenas isso. A estética deve ser a conseqüência, e não a meta. E digo isso pelo seguinte, é muito difícil atingir tal objetivo, o “padrão estético” ou “a aparência ideal”. Desculpe a sinceridade, mas muitos,  só nascendo de novo. E não digo isso pela sua aparência não, ou apenas a aparência, mas sim pelo lado psicológico. Preguiçosos, desregrados, idealizadores de “conquistas por osmose”, em muitos casos não há como mudar isso. Personalidade é muito difícil de ser alterada. Por mais que exista a dedicação do profissional em elaborar um treinamento adequado, pensado, especifico para aquela pessoa e o seu objetivo, o resultado não depende do professor, e sim do aluno, e estas pessoas dificilmente aceitam isso. É mais fácil colocar a culpa de nossos fracassos nos outros, principalmente quando este outro é o professor de Educação Física, já que na visão da maioria, estudamos para mudar o corpo das pessoas, o que sabemos que não é verdade. Nossa função é educar, auxiliar na construção do caráter, ensinar, até mesmo para aqueles que não querem aprender. O resultado não depende de mim, depende de você.