quarta-feira, 26 de maio de 2010

Os três Eu's...

Dentro da psique humana, existem três características pessoais que os especialistas definem como Eu’s das pessoas. Podemos classificá-los como eu real, eu ideal e eu aparente. Cada uma submete uma visão diferente sobre a mesma pessoa. Tal situação também é vivenciada dentro da academia de exercício físico. Vou explicar porque, mas antes vamos entender cada um deles.
O eu real é o que o próprio nome lhe diz. É o verdadeiro eu do individuo. Normalmente aparece em momentos de reflexão e solidão. É o que realmente somos, sem ledos enganos. Sabemos que estamos acessando nosso eu real quando somos sinceros conosco. Podemos dizer que a auto-reflexão é um excelente exercício de uso do eu real.
Uma dificuldade de enxergar ou aceitar o eu real nos transporta para o eu ideal. Ele demonstra o que desejamos ser, ou o que acreditamos que deveríamos ser. Isso causa um problema de auto-aceitação e desejo de sermos diferentes. O eu ideal é o que nos impulsiona e promove a necessidade de mudanças, de evolução. Entretanto, quando este eu, ou esta imagem, está muito distante de nossas possibilidades, podemos ter um efeito adverso, por não conseguir atingir tal objetivo. Seja por incapacidade, falta de oportunidade ou o objetivo é “impossível” de ser atingido, podemos dizer que nosso sucesso está na escolha de um eu ideal plausível e a diminuição da distancia entre o eu real e ideal.
O eu aparente é o que mostramos para o mundo, para as pessoas que nos rodeiam e convivem conosco. Temos a escolha de mostrar pensamentos e sentimentos, portanto podemos manipular nosso eu aparente. Uma divergência grande entre nosso eu real e o eu aparente nos causa sofrimento e transtornos. Nosso autoconceito fica conturbado e acabamos nos mostrando como pessoas diferentes do que realmente somos. Acabamos mentindo e não sendo autênticos.
Acredito que com as explicações mencionadas, torna-se fácil transferi-las para o mundo das Academias. Até porque realizamos isso diariamente, em todos os ambientes que convivemos. Vou começar pelo eu aparente.
Não é difícil perceber aquele sujeito que gosta de contar vantagem na academia. Adora demonstrar suas “habilidades” e esconder seus defeitos. É o típico aluno que gosta de mostrar sua “força” no supino, mas esconde o fato de não ter a mínima idéia do real efeito de tal exercício em sua vida, e não tem interesse em questionar tal fato, para não demonstrar sua ignorância no assunto. Obviamente não é seu dever ter o conhecimento fisiológico e biomecânico do exercício, até porque o professor esta lá para isso, mas acredito que seja obrigação questionar o que não é de seu conhecimento. Este é o eu aparente dos alunos. Demonstram apenas aquilo que querem.
O eu ideal pode ser “encontrado” nos alunos que acreditam que são fortões (magros, bonitos, charmosos, ou qualquer outro adjetivo que possamos imaginar), mas na verdade não o são. É aquele aluno que malha durante uma semana e já fica de frente ao espelho, fazendo as famosas poses dos fisiculturistas, admirando seus enormes músculos criados em duas sessões de treino(!?). Anda com cara de marrento, vai de regatinha fina, e aumenta a carga de exercícios toda vez que uma mulher chega perto. Quer aparentar ser um aluno experiente, mas na verdade nem se recorda dos nomes dos exercícios ainda. Normalmente, esses alunos não permanecem muito tempo na academia, Pois idealizam um objetivo muito difícil de ser alcançado, ou muito demorado, e não têm paciência e dedicação para tal (normalmente á ficar do tamanho do Schwarzenegger, sendo que hoje ele pesa algo como uma perna do Arnie). Acredito que infelizmente, grande parte dos alunos das academias está nesse grupo, principalmente aqueles que se preocupam exclusivamente com estética, com a casca.
Aquelas senhorinhas que não se importam com sua forma física não muito invejável, aqueles alunos que sabem de suas dificuldades e demonstram interesse em evoluir na prática física, os alunos que praticam exercício para melhorar sua qualidade de vida e bem-estar, ou até mesmo aqueles que o praticam por orientação médica, seriam alguns exemplos do eu real na academia. Simplesmente são eles mesmos. Não são pavões, são querer aparecer, nem ser melhor do que ninguém. São verdadeiros, são eles mesmos.

Logicamente todos nós possuímos os três eu’s, mas muitas pessoas deixam transparecer mais características de alguns do que outras. Os três formam um conjunto, entretanto algumas pessoas perder o rumo na construção da sua psique e tornam-se “especialistas” em um dos eu’s. As pessoas mais agradáveis de se conviver são aqueles que encontram o equilíbrio, seja dentro de uma academia, ou em qualquer outra situação de nossas vidas.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Exercício Físico & Mulheres



Muito se fala sobre os benefícios que os exercícios físicos podem trazer para seus praticantes. Em geral focamos nos benefícios físicos, principalmente relacionados à estética. Mas não é somente disto que “vive” a boa prática de atividades físicas. Existem inúmeros outros benefícios que podemos explorar, dependo apenas do objetivo de cada um e de como ele (o exercício) será implantado em nossas vidas. Alguns grupos específicos talvez tenham uma “necessidade” maior em praticar exercícios, ou ao menos deveriam dar uma atenção especial ao mesmo, pela própria situação que tais grupos estão e os desafios que encaram diariamente. Um bom exemplo disto é o sexo feminino. Exercem inúmeros papeis durante o dia e muitas vezes esquecem-se de serem elas mesmas. Mães, profissionais, donas de casa, mulheres e demais outros papéis assumidos em prol de algo ou alguém, tudo isto dentro das 24 horas do dia. Muitas vezes, faltam-lhes tempo para cuidarem de si mesma. Da sua saúde. Tal situação pode gerar, em casos extremos, além de elevados níveis de stress, dificuldades para auto-aceitação, baixa auto-estima, depressão e até problemas físicos graves.
O exercício físico possui papel fundamental para manutenção de uma condição equilibrada de vida. E como já dito não somente o equilíbrio físico. Ele possui grande papel para mantermos nosso estado emocional, principalmente pelos desafios enfrentados diariamente. A atividade física promove uma sensação de prazer, em decorrência da liberação de alguns hormônios e neurotransmissores, como a endorfina, a dopamina e principalmente a serotonina, responsáveis pelos processos de humor, bem-estar, redução do stress e ansiedade. Sabe-se que a atividade física, principalmente a aeróbica, pode ser tão eficiente quanto tratamentos com antidepressivos, ainda mais se realizado em grupo, já que tal situação irá promover uma interação entre seus praticantes, gerando assim um maior convívio e interação entre as pessoas, ou seja, o exercício físico promove socialização.
Observando grupos de mulheres realizando exercícios (aulas de aeróbica especificamente) podemos perceber o efeito provocado por esta prática. Muitas vezes, na maioria delas na verdade, não existem fluência e perfeição nos movimentos, entretanto, se o observador focar apenas no rosto das alunas perceberá o quão satisfatório é aquele momento. Satisfatório e desafiante. Dificuldade em acompanhar os movimentos, vergonha, déficit de coordenação motora, auto-imagem conturbada, essas são apenas algumas dificuldades encontradas naquele instante. Porém, com o decorrer da atividade, as mudanças fisiológicas promovidas pela mesma transformam tais dificuldades em desafios a serem superados, e a cada vitória conquista, um belo sorriso é estampado num rosto de fisionomia exausta. É o sorriso da vitória. Além disso, percebemos mudanças até em características pessoais nestas alunas. As mais tímidas tornam-se mais extrovertidas e as mais recatadas admitem brincadeiras e gozações com maior facilidade. Podemos até perceber características de liderança em algumas, como as mais experientes que ensinam as novatas a executarem alguns movimentos, realizando correções e mostrando os “macetes” de movimentos mais complexos. Podemos dizer que o exercício físico é um excelente “refugo” das responsabilidades do dia-a-dia e um transformador de indivíduos. Nem que sejam mudanças momentâneas. Mas com certeza fazem grande diferença para o bem-estar destas guerreiras, pois é mais um desafio para ser superado.
Talvez esse seja o maior beneficio do exercício físico para as mulheres. O desafio. Ou melhor, a superação dos desafios. Afinal de contas, é apenas mais um que esta sendo superado, mas diferente de outros inúmeros enfrentados no transcorrer do dia, este é um desafio para o seu bem. Para a sua saúde. Para a sua vida. E desde que o mesmo seja acompanhado por um profissional de Educação Física bem preparado, não há contra-indicações. Mesmo em casos de limitações físicas (problemas de saúde por exemplo), sempre existe algo para se fazer. Opções de atividades físicas não faltam. Basta força de vontade de um lado, e conhecimento científico do outro.